Debate sobre o lixo bom-jesuense requer conhecimento concreto e mobilização da sociedade pelo CONSUMO consciente

Os ambientalistas-de-botequim devem se atentarem sobre os NÚMEROS envolvendo o lixo de Bom Jesus do Itabapoana, será quanto de vocês sabem o volume de lixo produzido em nosso município?

Muito menos ainda há de se esperar que saibam qual era o volume de lixo produzido em Bom Jesus do Itabapoana em 1995, ocasião em que foi inaugurada a Unidade de Tratamento de Lixo da Nova Bom Jesus, que funcionou até 2001 gerando mais de quarenta empregos diretos.


Quando a unidade de reciclagem foi inaugurada em 1995, nosso município produzia entre 10 e 15 toneladas de lixo por dia, volume que a unidade de tratamento de lixo suportava com mais de quarenta trabalhadores, sem contar que o mercado de produtos recicláveis era embrionário com nosso município na vanguarda deste seguimento, fazendo assim com que praticamente todo material recebido fosse aproveitado.

Entre 1995 e 2017 o perfil e consumo dos brasileiros, também dos bom-jesuenses, teve considerável incremento com a elevação do poder de compra do salário mínimo junto com outras transformações de nossa economia, além do surgimento de seguimentos de mercado com produtos de valores de baixo custo que produzem lixo com suas embalagens plásticas, como exemplo temos as “lojas de R$ 1,99” e assemelhadas que não haviam naquela época como hoje, dentre tantos outros seguimentos.

Atualmente Bom Jesus do Itabapoana produz aproximadamente TRINTA TONELADAS de lixo por dia que são destinados a unidade de tratamento da Nova Bom Jesus, que conta com pouco mais de dez trabalhadores exercendo a atividade de reciclagem em condições extremamente precárias, e mesmo se colocarmos CEM pessoas para trabalhar, a unidade não conseguiria reciclar todas as 30 toneladas de lixo produzidas pelos bom-jesuenses, pois grande parte deste material não tem mais valor no mercado da reciclagem, são materiais que obrigatoriamente terão que ser destinados para um aterro sanitário.


Os produtos mais valorizados no mercado de recicláveis são o papelão, alumínio, cobre, ferro e determinados tipos de vidros e plásticos, sendo que a maior parte de material produzido como resíduo sólido a ser descartado, é o plástico sem valor de mercado, ficando mais do que constatado que mesmo QUANDO for REATIVADA a unidade de tratamento de lixo da Nova Bom Jesus, e mesmo que ela volte a gerar quarenta empregos, a prefeitura ainda assim terá a necessidade que contratar um aterro sanitário, conforme já está em processo licitatório.

O projeto de iniciativa popular apresentado ao executivo com a proposta de repaginar a área da Unidade de Tratamento de Lixo é interessante de fato, mas em momento algum o mesmo apresenta as soluções sobre o que fazer com o mar de lixo que está acumulado desde 2001, o projeto não apresenta nenhum cálculo sobre a produção do lixo bom-jesuense e o respectivo percentual que poderá ser reciclado e comercializado, não apresenta nada do que se deve fazer para preparar a área para executar o projeto proposto pelos ambientalistas-de-botequim, e esses são impacientes por demais em querer executar o projeto antes de disponibilizar a área.

Importante salientar que as secretarias de obras e meio ambiente estão viabilizando a contratação de um aterro sanitário para descarte do lixo produzido diariamente pelos bom-jesuenses, nada relacionado com o lixo que já está descartado na área da unidade de tratamento de lixo, que também está com sua solução sendo estruturada, com a contratação de máquinas e tratores de esteira para realizar o rastejo e aterramento do lixo no mesmo local, porém o mais afastado possível da rodovia, juntamente com a construção de calhas de escoamento de chorume e vazão do gás produzido no subsolo, é um trabalho extremamente complexo e oneroso, e sobretudo necessariamente urgente, mas que jamais se resolve em um “estalar de dedos”.


Já foi indagado porque a prefeitura não constrói um aterro sanitário próprio em vez de se contratar um de fora, e a resposta que obtive foi que devido a complexidade da obra e dos rigores nas licenciaturas ambientais para viabilizar a obra, o volume mínimo de lixo e ser recebido teria que ser de 150 toneladas/dia, podendo vislumbrar no futuro uma hipotética parceria público/privado para se instalar um aterro em BJI, para atender o sul capixaba e noroeste fluminense.

O valor previsto inicialmente com o contrato do aterro sanitário, provavelmente o que está localizado em Conselheiro Josino, gira em torno de R$ 60 mil/mês, mas este valor é um cálculo por tonelada de lixo produzido multiplicada por nosso volume de produção, podendo este valor ser gradualmente reduzido a partir do momento em que se consolidar a coleta seletiva de lixo em todo município, e principalmente quando a sociedade for mais consciente no consumo.

Podemos estabelecer como pontos de consumo consciente em pequenas mudanças comportamentais, que irão proporcionar substancial redução na produção de lixo, como levarmos nossas próprias bolsas ou sacolas para pequenas compras no mercado, podendo reduzir e muito descarte deste tipo de plástico que não tem valor de mercado.


Debater meio ambiente no contexto dos resíduos sólidos descartados pela população diariamente, requer profundo conhecimento da conjuntura e seus desafios, sendo toda sugestão sempre muito bem-vinda, mas desde que seja factível no contexto da realidade que vivemos, e não na base do “achismo” que se esbraveja nas redes sociais.

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