Operações do “Rodando Certo” afeta toda uma cadeia econômica do município

Engana-se quem pensa que o problema se restringe somente no condutor que teve seu veículo apreendido arbitrariamente por estar com IPVA vencido, o problema é mais grave

As seguidas operações realizadas em Bom Jesus do Itabapoana já retiraram centenas de motocicletas e algumas dezenas de automóveis das ruas, é nítido e perceptível que as motocicletas estão aos poucos desaparecendo da cidade, e isso é extremamente negativo sob diversos aspectos, principalmente o econômico.



A maioria absoluta das vítimas desta operação perversa são trabalhadores honestos, e que não estão em condições de pagar os impostos de seus veículos, mas dependem desses para o exercício de suas profissões, onde muitos desses são profissionais liberais do setor de prestação de serviços, que diga-se de passagem, é o único seguimento econômico que ainda apresenta resultados de crescimento na região noroeste fluminense.

Ao retirar centenas de motocicletas das ruas, o impacto econômico desta operação já atinge e reflete negativamente nas oficinas de motocicletas e postos de abastecimentos de combustíveis de maneira substancial, resulta na inadimplência nas revendas de motocicletas, além dos próprios estabelecimentos comerciais de todos os demais seguimentos que dão crédito a esses trabalhadores, que ficam com sua capacidade produtiva drasticamente reduzida ao perderem sua principal ferramenta de trabalho no deslocamento, refletindo diretamente em seus rendimentos.



Em julho de 2016 o Portal Consultor Jurídico, site especializado em análises jurídicas das mais variadas situações de nosso cotidiano, abordou de maneira crítica as apreensões de veículos com IPVA atrasado (Aqui), inclusive com pareceres de renomados juristas garantindo que a medida viola o direito a propriedade e se caracteriza como cobrança coercitiva, notadamente inconstitucional.

Em 2014 a seccional baiana da OAB propôs ação civil pública pedindo que fossem suspensas as operações desta natureza no estado, tendo sido acolhido pela juíza da vara de fazenda pública, estabelecendo multa diária de R$ 50 mil reais caso descumprisse a sentença, determinando que ao flagrar um condutor com licença atrasada que fosse somente aplicada a multa e a pontuação na carteira de habilitação.



Mesmo se tivéssemos um governo do Estado plenamente em dia com seus contribuintes, nada justificaria esta operação “Roubando Certo” para cobrar coercitivamente dos trabalhados com IPVA vencido, é como se a prefeitura decidisse impedir de você entrar em sua casa enquanto seu IPTU não for quitado, imagina então como é aceitar esta operação-achaque de um governo que afundou o estado na roubalheira e obrigando aos trabalhadores de todo estado a pagar esta conta indigesta.

Não é a primeira vez que abordo este grave problema (Aqui), e assim permanecerei protestando enquanto medidas legais não forem tomadas por quem de direito deveria agir.


A sociedade bom-jesuense está refém de um governo estadual corrupto e achacador, que está afetando de maneira drástica a vida muitas famílias do município, e essas se mostram desamparadas pelas instituições locais que deveriam lutar pela defesa de seus direitos constitucionais, como fez a OAB da Bahia em 2014 com os contribuintes daquele estado.

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