Dossiê Rato-Branca | 2005/2008 – O mandato que Carlos Garcia quis esquecer

Apesar da vitória consagradora nas eleições de 2004, o último governo de Carlos Borges Garcia foi pautado pela turbulência política e o início dos ataques aos direitos dos servidores, tudo isso surgindo no ninho da serpente chamada Samuel Júnior Soares de Aguiar



O apoio eleitoral do grupo de Samuel Júnior a candidatura Carlos Garcia/Paulo Sergio Ciryllo, custou aos bom-jesuenses toda turbulência político/administrativa que se iniciou em meados de 2006 culminando em 2008 com o afastamento de Cyrillo e a troca de outros três prefeitos em pequeno espaço de tempo, vamos nesta publicação abordar como se deu o afastamento de Garcia com a consequente posse de Ciryllo.

Uma das principais propostas de campanha de Garcia em 2004 foi o compromisso de quitar os cinco meses de atraso salarial dos servidores no governo Miguel Motta, e foi só tomar posse em janeiro de 2005 que vieram as pressões sobre este grave problema, o Sindicato cobrando a promessa de campanha, e o secretário de administração e fazenda recém empossados contrários ao pagamento dos cinco meses de salários atrasados.

E quem eram os secretários de administração e de fazenda na época? Eram respectivamente o irmão e o sócio do então vereador Samuel Júnior, que aparelhou o governo Carlos Garcia/Paulo Sergio Ciryllo em duas das mais estratégicas secretarias da gestão pública, e foi nessas pastas que surgiram todas as tormentas que afundaram com este mandato.

A queda de braço entre os servidores e os indicados de Samuel Júnior foi decidida pelo pagamento dos salários atrasados, típico de Carlos Garcia em cumprir com aquilo que ele se comprometeu mesmo com a pressão de seus secretários de fazenda e administração, a partir daí se iniciou o festival de sabotagens e disputas políticas no governo que nasceu turbulento.

A turbulência administrativa iniciada em 2005 culminou com o primeiro ato do denuncismo irresponsável típico de Samuel Júnior, ao se iniciar um processo de auditoria nas irregularidades contidas na folha de pagamento dos servidores, no entanto não foi com o intuito de se moralizar a gestão do município, e sim para atingir aliados de Garcia que estavam em litígio com os aliados de Samuel Júnior.

Este denuncismo irresponsável do secretário de administração indicado por Samuel Júnior, teve seu primeiro golpe contra o funcionalismo em 2006 com uma denúncia sobre tais irregularidades que foi levada ao Tribunal de Contas do Estado, só que nesta representação somente o abono permanente foi atacado, as fraudes salariais na folha permanecem até os dias atuais, ou seja, a atuação desastrosa do irmão de Samuel Júnior na secretaria de administração além de não moralizar com as fraudes na folha, ele ainda criou um gravíssimo problema para os servidores, que veio a explodir em agosto de 2010 com o corte do abono permanente.

A situação de Carlos Garcia no governo se tornava cada vez mais insustentável devido a tantas crises originadas pelo racha político de seu grupo, e o desastre administrativo do irmão de Samuel Júnior chegou ao ponto dos salários dos servidores atrasarem em mais de dois meses, e em agosto de 2006 o Sindicato promoveu um grande ato na Praça governador Portela em protesto contra a situação.

O movimento que foi organizado e realizado pelo sindicato, teve algumas participações de pessoas que hoje compõe o governo Branca Motta, que na época já contribuíam com o desgaste do governo pedindo o afastamento de Garcia, e foi o então presidente da Câmara de Vereadores, Batista Magalhães, quem articulou a substituição do comando do executivo municipal.

Cabe salientar que o então diretor geral do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais, Rogério Lima, já sofria retaliações por parte da administração por conta de suas contundentes cobranças sobre os direitos dos servidores no caso do abono, inclusive com o presidente da época protocolando uma denúncia na Câmara sobre supostos desvios de peças na secretaria de obras, que estariam sendo cometidos por pessoas ligadas e indicadas também por Samuel Júnior.


O então presidente da Câmara, Batista Magalhães, ao perceber que a turbulência política não era dissipada, ele então procurou o vice-prefeito Paulo Sergio Cyrillo e o indagou se estava em condições de assumir o governo, Cyrillo afirmou que sim e Batista procurou os familiares de Carlos Garcia para expor a situação com o agravante no atraso dos salários dos servidores.

Foi Batista Magalhães quem convenceu a família de Carlos Garcia para que ele decidisse pela licença médica no final de agosto de 2006, para assim tentar recolocar a prefeitura nos eixos, fato que se consumou com a posse de Paulo Sergio Cyrillo e a troca do secretariado do governo, mas a semente que viria a explodir o abono permanente ficou plantada.

O ataque irresponsável contra o abono permanente dos servidores

No vídeo abaixo temos o então primeiro secretário da mesa diretora da Câmara, Marcos Valinho, lendo o ofício Sindserv nº 170/2010 em que o alvo dos protestos é justamente o vereador Samuel Júnior Soares de Aguiar, na época membro da base aliada de Branca Motta que acabara de cortar o abono dos servidores.

Recomendo que assistam com atenção o teor do ofício do sindicato datado no dia 30 de agosto de 2010 e observem que o presidente do sindicato apontava todos os fatos que levam as responsabilidades do corte do abono permanente a autoria exclusiva de Samuel Júnior, que inclusive foi chamado de leviano no ofício, e de seu irmão que foi um verdadeiro desastre frente a secretaria municipal de administração.

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