No final dos anos
oitenta com o encerramento das atividades da Usina Santa Isabel, surgiu um
enorme impasse trabalhista entra a recém fechada usina e toda a comunidade de
Santa Isabel, majoritariamente formada por funcionários da usina. E esse
impasse se arrastava por anos na justiça do trabalho, com as terras da antiga
usina penhorada na ação trabalhista que se desenrolava com notória morosidade
da justiça.
Mas como nesta época nossos agentes públicos
eram tomados pelo verdadeiro espírito público, o então prefeito Carlos Borges
Garcia junto com o poder legislativo e o governo do estado, viabilizou o valor
referente as dívidas trabalhistas, depositou em juízo, recebeu as terras da
antiga usina para incorporarão patrimônio do município, e resolveu o enorme
impasse financeiro vivido pelos moradores de Santa Isabel, e que gerava reflexo
diretamente em nosso comércio. Na sequencia, criou-se o projeto da Nova Bom
Jesus, que sob a idealização do grande Sebastião Freire Rodrigues (Patané),
iniciou-se os projetos do distrito industrial, da horta municipal e do horto
florestal e a Unidade de Tratamento de Lixo de Santa Isabel.
E porque estou
abordando esta história nesta publicação?
O que aconteceu em
Santa Isabel se assemelha e muito com o que acontece com nosso hospital, em que
muitas pessoas não conseguem vislumbrar que o poder público tem
responsabilidade direta na situação em que se encontra nosso hospital, que está
prestes a sofrer uma paralisação de seus servidores, e do PU também.
É fato que houve
sérios desvios em algumas gestões do hospital nos últimos dez anos, porém todos
esses desvios estão sendo apurados em quinze inquéritos policiais, no
ministério público estadual e federal, há quem diga até que há um réu confesso
em determinado esquema, mas que este seria apenas a ponta do iceberg que está
sendo investigado em segredo de justiça. Esses supostos irresponsáveis
certamente já estão sendo inquiridos e em breve estes serão punidos. Com isso
fica esclarecidos para os que querem que se revele os responsáveis pela crise
do hospital, o tempo o fará.
Geralmente quem mais
propaga esse fator como único e exclusivo responsável pela crise do hospital,
são aqueles que defendem o governo com unhas e dentes, até a própria prefeita
para enganar o eleitorado bom-jesuense chegou ao ponto de bradar em praça
pública que outras pessoas levaram o hospital “pro buracu”, e que ela e seus “parceiro”
Pezão/Cabral iriam tirar o hospital do “buracu”.
Salvo engano, a
dívida do hospital atualmente gira em torno de R$ 25.000.000,00, sendo que
aproximadamente R$ 3.000.000,00 provenientes de processos trabalhistas, que são
os que bloqueiam as contas do hospital. E o ovo da serpente da crise do
hospital sem dúvidas que está no desastroso convênio entre prefeitura e
hospital, para o funcionamento da Urgência e Emergência (PU), hemocentro (banco
de sangue) e obstetrícia. Tais serviços são de responsabilidade ÚNICA E
EXCLUSIVA da PREFEITURA.
Segundo noticiado pela ex-presidente do hospital, Dr.
Celso Ribeiro, o valor mínimo para manter esses três serviços seria de R$
300.000,00 por mês, isso foi em janeiro de 2013, sendo que ele passou todo o
ano de 2012 tentando negociar com a prefeita o ajuste do valor, na época o
repasse feito pela prefeitura era de R$ 148,000,00 por mês.
Partindo do calculo
de que a prefeitura proporcionou um déficit mensal de R$ 152.000,00 na
manutenção desses serviços de sua obrigação, em 48 meses (2009-2012) esses três
serviços geraram um prejuízo de R$ 7.296.000,00 para os cofres do hospital,
isso sem a correção devida, que podemos chegar a superar a casa dos R$
9.000.000,00. Mas não é desde 2009 que a prefeitura sonega repasses para o hospital,
segundo a punição pecuniária aplicada pelo Tribunal de Contas do Estado do RJ
na prefeita, desde 2003 que a prefeitura sonega repasses para o hospital, o que
nos leva a concluir que os valores sonegados podem ultrapassar e muito o valor
total da dívida do hospital.
O curioso dessa
história, é que exceto o Dr. Celso Ribeiro, todos os gestores do hospital
concordavam com esse convênio extremamente desvantajoso, em que o hospital complementa
o custeio de serviços de ÚNICA RESPONSABILIDADE DA PREFEITURA. E foi só o Dr.
Celso anunciar que entregaria esses três serviços de volta para a prefeitura,
misteriosamente houve uma enorme reviravolta nos rumos do novo conselho
deliberativo do Centro Popular Pró Melhoramentos, sendo o Dr. Celso rifado da
direção do hospital, interrompendo assim o processo de terceirização da UTI do
hospital que estava com contrato assinado e pronto para iniciar as atividades.
A atual gestora do
hospital assim que assumiu, me informou que o valor mínimo para o funcionamento
dos três serviços contidos no polêmico convênio seria de R$ 280.000,00. E no
final de fevereiro de 2013 a prefeita celebrou o novo convênio de R$ 230.000,00 por
mês como se fosse a tábua de salvação do São Vicente, e conforme eu havia
alertado, a prefeita apenas reduziu um pouco a asfixia financeira gerada por
esse tenebroso convênio. O resultado desse processo de hipocrisia política da
prefeita com o hospital é a paralisação do hospital e do PU segundo informou o
vereador Ricardo Aguiar na tribuna da câmara.
Desde a presepada da
prefeita com o novo convênio que ela se calou diante a derrocada do hospital,
antes ela havia dado um jeito de calar o único gestor que denunciou que ela não
cumpria com suas responsabilidades, e que a devolução dos serviços de
responsabilidades da prefeitura seria um desastre para a prefeita, pois o investimento
a ser feito seria totalmente inviável para este ano de 2013, e ela continua
ludibriando a sociedade de que ela não tem responsabilidades com a crise do
hospital.
Os vereadores em sua maioria tem sua parcela de responsabilidade,
pois no inicio do ano todos foram favoráveis ao veto da emenda de R$ 600.000,00
que seriam destinados ao hospital, e depois estes mesmos que vetaram, subiram
no palanque elétrico do bingo do hospital em abril de 2013. Agora eles dizem
que irão mover montanhas para ajudar o hospital, mas todos estavam posando de
papagaio de pirata no dia em que fechou-se o convênio de R$ 230.000,00 com a exceção
de dois vereadores que protestaram por um convênio justo.
Mas como eu havia
dito no inicio desta publicação, antes tínhamos homens sérios e com espírito
público na gestão de nosso município, hoje temos um bando de parasitas que
sugam o erário, e exterminam a moral pública.
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