The Intercept
Brasil não é somente “Vaza-jato”, ele também desmonta o jogo de cena em outras frentes
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Sábado,
20 de julho de 2019
Ele nos distraiu e nos enganou (de novo)
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Bolsonaro
soltou sua metralhadora de mentiras e impropérios durante a semana.
O
presidente que já mentiu em público mais de 200 vezes desde
janeiro resolveu usar mais uma vez a estratégia para desviar a atenção dos
filhos: um fritador de frango que sonha virar embaixador, outro enrolado
com seu próprio laranjal. A cortina de fumaça serviu muito bem.
- Uma portaria (assinada pelo ministro da Educação,
Abraham Weintraub) tirou das mãos dos reitores da universidades federais o
direito de nomeação dos pró-reitores. As nomeações serão feitas agora pela
Casa Civil e passarão pela aprovação da Secretaria de Governo. Ou seja: o
governo concentra mais poder em Brasília e poderá, eventualmente, nomear
pró-reitores para sabotar projetos ou tumultuar gestões. A destruição do
conhecimento é, como se sabe, uma das etapas dos regimes autoritários.
- Bolsonaro
criou um grupo de apenas três pessoas, todas do governo
federal, e deu prazo de somente 30 dias para concluir um “estudo” (use
aspas, por favor) para a “simplificação do regime de outorga” da lavra
garimpeira. Ou seja: em pouco tempo, deverá ser ainda mais fácil ter
autorização para garimpar, sobretudo, ouro e diamante, no país que já sofre
uma epidemia de garimpo e que sente a pressão de
fundos bilionários ameaçando cortar ajuda à Amazônia pelo evidente
compromisso do governo – e de Ricardo “Yale” Salles – com a destruição da floresta.
- As
Juntas Comerciais não são mais obrigadas, como eram desde 2014, a comunicar
ao COAF quando detectam sérios indícios de crimes registrados em documentos
produzidos em suas dependências. O objetivo era ajudar os órgãos de
controle a combater a lavagem de dinheiro. Agora, caberá a cada estado
criar suas próprias regras. Por enquanto, não há regras. Os corruptos
agradecem.
- O
governo decidiu levar o Conselho Superior do Cinema para a
Casa Civil. O órgão estava no Ministério da Cultura. Isso concentra, mais
uma vez, poder no núcleo de Brasília. Além de jogar o órgão no colo de Onyx
Lorenzoni, o decreto ainda reduziu de nove para cinco o número de
representantes da indústria do audiovisual e da sociedade civil no grupo. O
governo também tinha nove cadeiras. Agora, Brasília tem sete. Virou
maioria.
Em apenas uma semana, distraindo a opinião pública com mentiras e insanidades, Bolsonaro amassou ainda mais as
universidades federais (responsáveis por 90% da pesquisa no país), apontou para mais destruição
do meio ambiente por meio de uma farra do garimpo, afrouxou o combate à
corrupção e se pôs em guerra com a indústria do audiovisual – que movimenta bilhões. Bolsonaro é um trator em movimento.
Cabe prestar menos atenção no ronco do motor e mais nas implacáveis
esteiras.
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