Eleições 2018: Sobre Ana-relho, vice do Alckmin, duas opiniões

Você tem senso crítico? Depois de ler as laudas, pesquise as biografias dos jornalistas abordados

Foto: Google

São duas matérias
veiculadas no blog “Conversa Afiada”, do jornalista Paulo Henrique Amorim...

...uma ele reporta matéria do jornalista Glenn Grenwald, do site The Intercept, e a outra ele repercute artigo de Merval Pereira, do jornal O Globo:

“(...) Quem ganhou com a escolha da vice foi o tucano Geraldo Alckmin, que tirou da manga a senadora Ana Amélia, do Rio Grande do Sul, na tentativa de esvaziar a força de Álvaro Dias no sul e no sudeste, e de Bolsonaro nas áreas do agronegócio. Dias, aliás, tem como vice Paulo Rabelo de Castro, ex-presidente do IBGE sem grandes lastros políticos. Ganhou alguns segundos a mais na propaganda oficial.

Alckmin já anunciara ser a favor de armar o homem das áreas rurais, idéia de que Bolsonaro foi pioneiro. Agora, com uma mulher na vice, e ainda por cima ligada ao agronegócio, tenta recuperar o espaço em uma área cativa do PSDB(...)“

“(...)A senadora Ana Amélia, além do trabalho sério que realiza no Senado, se notabilizara como antilulista convicta, outra bandeira que Alckmin quer tirar de Bolsonaro. Quando houve denúncias de que o acampamento dos militantes petistas havia sido atacado em Curitiba, a senadora não fez por menos.

Declarou, primeiro no plenário do Senado, e depois em uma reunião partidária no interior do seu estado, que os ataques eram bem-vindos: “Quero parabenizar Bagé, Santa Maria, Passo Fundo, São Borja. Botaram a correr aquele povo que foi lá levando um condenado se queixando da democracia. Atirar ovo, levantar o relho, mostra onde estão os gaúchos”. (...)



“(...)Ana Amélia Lemos, do partido de extrema direita PP (é sintomático da esclerose do sistema político brasileiro que o partido mais à direita do Congresso se chame Partido Progressista).

Para dizer o mínimo, nada nessa aliança pode ser considerado “de centro”. O Partido de Ana Amélia, que será alçado ao poder numa eventual vitória de Alckmin, era o domicílio político de Bolsonaro até 2015. Suas origens remontam ao partido ARENA, que dava sustentação ao regime militar que comandou o país até 1989, tendo chegado ao poder em 1964 com auxílio de um golpe que, com ajuda dos EUA, removeu do poder o governo de esquerda eleito pela população.

Nessa época, Ana Amélia trabalhava como jornalista, defendendo a ditadura nos veículos onde escrevia, e era casada com um senador indicado pelos militares. Sua visão política atual se encaixaria confortavelmente na extrema-direita do espectro político, mesmo nos EUA de Donald Trump.

Há poucas semanas atrás, após a presidenta do PT, Gleisi Hoffman, conceder uma entrevista à Al Jazeera denunciando a prisão de Lula, Ana Amélia subiu ao púlpito do Senado e– numa mistura quase perfeita de ódio xenofóbico e ignorância – confundiu e equiparou “Al Jazeera” e “Al Qaeda”, acusando a presidenta do PT de falar com terroristas e incitar o “Exército Islâmico“ contra o Brasil.

Por mais terrível que isso seja, o extremismo ideológico é a parte menos reveladora dessa equação. Essa enorme coalizão por ora alinhada com Alckmin existe para dar a ele o controle do dinheiro e do tempo de televisão que formam o alicerce das campanhas políticas no Brasil. O plano é enfiar Alckmin goela abaixo do eleitorado com tanta força, com tanto dinheiro, e com tanta propaganda televisiva que ele acabe engolido por pura inércia.

Mas há um fato ainda mais escandaloso, e que deixa ainda mais claro o verdadeiro caráter da mídia brasileira: o partido que virou o principal aliado de Alckmin, o PP de Ana Amélia, é o que tem mais envolvidos em escândalos nos quatro anos de Operação Lava Jato. Dos 56 representantes eleitos pelo partido em nível federal, 31 – mais da metade! – respondem a processos criminais.

Para concorrer à Presidência como um outsider indignado com a corrupção, até Bolsonaro precisou sair dessa lama de corrupção e propina travestida de partido político. Ainda que Ana Amélia não esteja entre os que respondem a acusações na justiça, ela levaria junto consigo para os altos níveis de poder seu partido fundamentalmente corrupto.

Ana Amélia está longe de ser um exemplo de liderança ética: após dedicar sua carreira jornalística à defesa da ditadura, ela iniciou sua carreira política como funcionária fantasma indicada pelo seu marido senador, recebendo salários por seu “trabalho” no Senado ao mesmo tempo que ganhava a vida como “jornalista” pró-militares. 

É bom lembrar que o próprio Alckmin é acusado de ter recebido milhões de reais em doações ilegais não declaradas – o chamado caixa-dois – em suas campanhas eleitorais anteriores.

É esse, portanto, o grupo de criminosos que pode retornar ao poder, ajudado pelos “especialistas” e comentaristas da GloboNews, que passaram os últimos anos escandalizados com a corrupção e fazendo discursos apaixonados denunciando seus males e alardeando a urgência com a qual ela precisa ser combatida.

Estamos agora prestes a testemunhar um espetáculo revoltante: os mesmos comentaristas-estrela da GloboNews e colunistas políticos “de centro” que exigiram a remoção da presidenta eleita por causa de truques de contabilidade triviais estarão marchando em uníssono em favor de dois dos partidos políticos mais corruptos da América Latina, sendo um deles o detentor do recorde de Mais Parlamentares Acusados na Operação Lava-Jato(...)


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