Não se fabrica um personagem político, ele surge pelas circunstâncias da história

Até a convenção do Partido da República de BJI visando as eleições de 2012, a chapa definida seria Paulo Sergio Cyrillo com Celso Rezende como candidato a vice-prefeito, lembrando que foi o velho Bruxo-da-beira-rio (agora beira-valão), quem levou Cyrillo-pai até o cacique Garotinho para celebrar a parceria política no PR, lembrando ainda que o ex-vereador Celso Rezende também era aliado próximo do ex-governador, e na ocasião presidente do partido no diretório de Bom Jesus do Itabapoana.

Em virtude da fragilidade jurídica de Cyrillo, Garotinho sempre fez questão de ter a garantia que o candidato a vice-prefeito deveria ser alguém de indiscutível confiança e lealdade ao grupo republicano, para em uma eventualidade mudança todo projeto político não cair nas mãos de adversários, e naquele momento o nome de consenso na cúpula do diretório municipal era Celso Rezende.

Paralelo a movimentação do diretório do PR-BJI, Cyrillo-pai iniciou uma negociação com uma composição partidária que na época adjetivei de “Balaio-de-gatos-eleitoral”, onde capitaneados por Samuel Júnior, Jarbas Borges e Marcelo da Contacto, chegaram a aglutinar dezenove partidos para promoverem uma frente oposicionista ao governo Branca Motta.

Os meses de abril, maio e junho de 2012 foram extremamente turbulentos com essas duas articulações envolvendo a candidatura de Paulo Sergio Cyrillo, que culminou na própria convenção do partido no dia 22 de junho, onde correligionários do candidato a prefeito rejeitavam Celso Rezende como vice, e apontavam Samuel Júnior, que contava com apoio de nove partidos.

Diante da ameaça de Paulo Feijó em dissolver o diretório municipal caso não aprovassem Samuel Júnior como vice, a convenção foi definida sob intenso tumulto com Rezende sendo rifado, e o então petista e presidente da Câmara de Vereadores como vice de Cyrillo, mas este resultado só durou um dia e meio.

Naquele momento da convenção partidária do PR-BJI, o muito jovem Roberto Tatu era apenas um burocrata do partido, salvo falha da memória, ele era o tesoureiro e responsável pela articulação partidária junto ao diretório estadual, e logo assim que se encerrou o evento do partido, ele e o tio rumaram no dia seguinte ao Rio de Janeiro para se reunir com a cúpula estadual do partido.

Diante da rejeição a Celso Rezende por parte de alguns nomes do grupo republicano, e por ser apenas dois partidos com poucos quadros, a reunião entre Geraldo Pudim, Garotinho (via rádio), Roberto Tatu e Gilberto Figueiredo, chegou-se a conclusão que o candidato a vice-prefeito ideal seria Roberto Tatu, e assim foi anunciado na terça-feira 25 de junho de 2012, causando alvoroço no meio político e com Samuel Júnior lançando sua candidatura na sequência.

Rememoro esta importante passagem da história política recente de Bom Jesus do Itabapoana, para exemplificar aos pretensos candidatos para futuras eleições, que não adianta se auto-fabricarem ou projetar um perfil para ser candidato. 

A poucos dias do prazo final das inscrições de candidaturas em 2012,  prefeito Roberto Tatu sequer imaginava que um dia seria candidato, e naquela eleição de 2012 ele se ascendeu de maneira meteórica, passando de um dirigente partidário a candidato a vice-prefeito e terminando a eleição como candidato a prefeito, nada premeditado, tudo aconteceu diante das circunstâncias dos fatos históricos da época.

A partir de então podemos testemunhar o jovem Roberto Elias se descobrindo muito mais político do que ele mesmo poderia imaginar, e de maneira muito natural ele vem se lapidando de forma que já se mostra como líder político de seu grupo de governo e um gestor que domina a máquina pública com desenvoltura, ao contrário de muitas previsões e avaliações equivocadas.

Seja acertando, em bem maior escala, ou errando em menor escala como vem conduzindo seu governo, Roberto Tatu tem incomodado muita gente por justamente estar imprimindo um estilo próprio de governar e fazer política, contrariando a lógica comum em muitos aspectos, principalmente e sua aversão ao personalismo político tão adotado em qualquer cenário, ele está criando sua própria identidade política sem se submeter a sombra de ninguém.

Com sua postura simples e sempre com ares de informalidade, o prefeito vem conquistando assim a identificação e empatia nas camadas populares da sociedade, e até formadores de opinião que já perceberam a maneira discreta como o prefeito se portou ao longo dos muitos eventos festivos e culturais ocorridos em 2017, apontando o determinante indicador do quanto espontâneo foi o surgimento deste personagem político que já alcançou o poder.


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