Uma sociedade em que escola tem “amiga” e a vítima é culpada

Pelo que eu saiba, uma escola tem alunos, professores, diretores e funcionários de apoio, somente em Bom Jesus do Itabapoana que uma escola tem “amiga”



Foi este contorcionismo-midiático utilizado para noticiar como o Conselho Tutelar tomou conhecimento e denunciou o fato na delegacia, no dia 17 de julho de 2017, será que esta "amiga-da-escola" não sabia da existência de um procedimento administrativo tramitando na escola para apurar o fato?

Seria esta “amiga-da-escola” a mesma pessoa que participou da reunião com a direção e os pais da vítima no dia 11 de julho, inclusive informando a todos sobre os estupros ocorridos entre maio e junho?

Se esta "amiga-da-escola" já tinha conhecimento sobre os estupros ocorridos, e também tinha conhecimento de que a direção da escola também tinha conhecimento, porque então esta "amiga-da-escola" não levou esta denúncia seja ao Conselho Tutelar, ou até mesmo na delegacia, antes do dia 17 de julho?

Desde quando a “amiga-da-escola” tinha conhecimento dos estupros ocorridos?

Quem é esta “amiga-da-escola”?

O que a “amiga-da-escola” involuntariamente, ou não, conseguiu, foi promover um verdadeiro linchamento moral nas redes sociais contra a pessoa do diretor do Colégio Padre Mello, promover seu afastamento temporário e até sua exclusão da eleição para direção da escola em agosto de 2017, sendo que a existência de um documento datado em 11 de julho comprova que o diretor não se omitiu, ele procedeu como deveria fazer, inclusive existe a possibilidade que esta “amiga-da-escola” estaria nesta reunião, inclusive com seu nome constando na ata.


Lembrem-se!!!

Os estupros ocorreram entre os meses de maio e junho de 2017, o diretor da escola tomou conhecimento sobre MENSAGENS DE CONTEÚDO ERÓTICO no celular da vítima em 11 de JULHO, IMEDIATAMENTE convocou os pais e expôs sobre as mensagens no celular, sendo que nesta reunião haviam outras pessoas da escola, e dentre essas uma alertou tanto a direção como os pais sobre a ocorrências de estupros sofrido pela aluna.

A cultura do estupro está no meio de nós!

Em um país onde Bolsonaro desponta como segundo colocado nas pesquisas de intenção de votos para presidente em 2018, é mais do que realidade que a cultura do estupro esteja também disseminada em Bom Jesus do Itabapoana, assim como em qualquer cidade de qualquer porte no País, nossa sociedade está tão doente como toda sociedade brasileira.



Não é admissível que um fato extremamente traumático para uma criança de apenas 13 anos, seja alvo de suspeições acerca da conduta da vítima, chegando ao ponto de se questionar se ela foi amarrada ou arrastada, ou questionando porque ela não teria denunciado aos pais ou qualquer pessoa antes da segunda ocorrência, como se fossem necessários tais atos para se caracterizar um estupro, uma criança de treze anos não tem discernimento para tais escolhas, a legislação é muito clara.

Os pais e familiares dos acusados

O espírito alimentado pelo punitivismo exacerbado que se dissemina nas redes sociais, também é alvo de reflexão para uma pequena cidade como Bom Jesus do Itabapoana, já temos opiniões odientas protestando contra o fato dos acusados-menores não ir para um presídio para adultos, a redução da maioridade penal chega a ser novamente ventilada em nosso ambiente doméstico, mas em momento algum se viu alguém se manifestar preocupado com os pais dos acusados.

Pode ser que você com seu comentário intolerante esteja alvejando um conhecido seu, pois não é de conhecimento público os nomes dos acusados e da vítima, os pais e familiares dos acusados sem dúvidas que estão tão chocados e estarrecidos como os da própria vítima.

A espetacularização de um drama que reflete em toda sociedade

Se qualquer processo envolvendo menores de dezoito anos, tem como determinação do ECA que seja tramitado em sigilo processual, fica mais do que questionável um delegado de polícia convocar a imprensa para conceder uma coletiva em um caso envolvendo aproximadamente QUINZE MENORES de dezoito anos, de extrema gravidade e que envolve dezenas de famílias, isso com apenas quatro dias depois de ter recebido a denúncia.

Por mais que se tenha ocultado os nomes das partes envolvidas na coletiva e nas publicações que vieram a reboque da sanha-sensacionalista, estamos em uma cidade de pouco mais de 35 mil habitantes onde todos conhecem todos, e sem dúvidas que esta espetacularização midiática está sendo plenamente nociva para este processo e seus envolvidos.



A meu ver e com todo respeito que tenho pela autoridade policial constituída, o delegado foi indiscutivelmente imprudente neste episódio, ele sequer aguardou a conclusão total do inquérito, os resultados dos exames clínicos/periciais e todas as oitivas necessárias.
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O objetivo de se propor uma profunda reflexão sobre a  sociedade em que vivemos, está no perigo que representa esta investida midiática concentrando todos os fatores e causas do caso ao Colégio Padre Mello, como se tal conduta fosse gerada e disseminada a partir do educandário, na verdade este caso estarrecedor poderia ter ocorrido, ou pode estar ocorrendo, em qualquer canto da cidade, seja nos limites urbanos ou rurais.



Leia mais sobre este assunto: 

Nota de esclarecimento da direção do C.E. Padre Mello soterra qualquer possibilidade de OMISSÃO por parte da diretoria

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