Bom Jesus do Itabapoana, da vanguarda ambiental a coleção de lixões urbanos

Em 15 de agosto de 1995, na inauguração da Unidade de Tratamento de Lixo da nova Bom Jesus, o então prefeito Álvaro Moreira consumou a implantação de um eficiente e exemplar SISTEMA de coleta de lixo e limpeza urbana



A UTL de Santa Isabel ainda teve sua conclusão em 1998 no governo do então prefeito Carlos Garcia, onde no dia 14 de outubro daquele ano foi inaugurado o refeitório, vestiários e banheiros da unidade, concluindo um trabalho de estruturação da máquina pública que se iniciou em 1989 no segundo mandato de Garcia, na aquisição de caminhões caçamba, compactadores e maquinários, além de se espalhar lixeiras e caçambas de lixo por todo município.



Com a secretaria de obras plenamente estruturada com quase dez caminhões caçamba, dois caminhões compactadores, quatro retroescavadeiras, e com a aquisição de lixeiras para todo núcleo urbano habitado do município, faltava somente implantar um sistema sustentável para destinação do lixo, o sistema de coleta e limpeza já estava consagrado desde 1992.

A construção da reciclagem de lixo em Santa Isabel culminou com a extinção do lixão que existia na estrada do “Arrebenta rabicho”, em uma época em que pouco ou quase nada se falava sobre meio ambiente e sustentabilidade, Bom Jesus do Itabapoana entrava na vanguarda ambiental fazendo de seu lixo fonte de geração de emprego e renda, a qual a UTL da Nova Bom Jesus gerava 45 empregos diretos.


O eficiente sistema de coleta e destinação do lixo de Bom Jesus do Itabapoana funcionou até dezembro de 2000, último ano do terceiro mandato de Carlos Garcia, com o sucateamento de todo sistema tendo iniciado em janeiro de 2001, primeiro ano do governo Miguel Motta.

A cronologia do retrocesso ambiental

Abaixo temos uma sequência de fotografias estarrecedoras, nelas podemos observar em imagens aéreas, gentilmente fornecidas pelo ativista ambiental Juliano Diamantino, onde podemos comparar como era e como ficou, o que um dia foi uma unidade de tratamento de lixo das mais estruturadas no Estado do Rio de Janeiro até hoje.

Imagem aérea registrada em 08 de maio de 2000

A imagem abaixo comprova com clareza como funcionava a unidade de tratamento e reciclagem de lixo, os materiais secos (plástico, papel, vidros e metais) eram submetidos a seleção e prensagem para comercialização, tanto que a área atrás do galpão da UTL se encontrava completamente limpa na época, conforme todos podem observar dentro do círculo azul.

No alto da imagem, temos um círculo amarelo com uma base de cimento e dezenas de pontos pretos, onde indica o tratamento do lixo úmido, ou lixo orgânico, que era processado em compostagem para produção de adubo orgânico que era fornecido ao viveiro e horta municipal, que funcionava no Núcleo Industrial da Nova Bom Jesus.




Imagem aérea registrada em 19 de dezembro de 2001

No final do primeiro ano do governo Miguel Motta já podemos observar o desmantelamento da unidade de tratamento de lixo, onde no círculo azul temos o início do descarte indiscriminado do lixo diretamente no solo, e no círculo amarelo fica evidente que a capacidade de produção de adubo orgânico por compostagem havia reduzido em 75%.

Era o início do sucateamento do sistema de coleta de lixo de
Bom Jesus do Itabapoana, que funcionou em sua plenitude entre 1995 e 2000.




Imagens aéreas registradas em 28/03/2010 e 13/06/2011

O processo de sucateamento da estrutura da secretaria de obras, e do desmantelamento da Unidade de Tratamento de Lixo em Santa Isabel, teve sua trágica consolidação em 2009 no primeiro mandato da ex-prefeita Branca Motta, em que fica evidente nas imagens dos anos de 2010 e 2011 a dimensão que tomou o descarte de lixo totalmente descontrolado no local onde um dia o lixo gerava emprego e renda.



Conforme todos puderam se inteirar no resumo acima, fazer acontecer uma coleta de lixo e limpeza urbana, mesmo em uma pequena cidade como Bom Jesus do Itabapoana, requer muito planejamento e investimento estrutural para se consolidar um SISTEMA eficaz e permanente, no caso dos ex-prefeitos Carlos Garcia e Álvaro Moreira, foi necessário um trabalho de quase dez anos, com dois prefeitos em três mandatos, ao passo que para descontinuar o processo e desmantelar o sistema foi necessário apenas um prefeito, em um mandato e em menos de quatro anos.

Por mais que o atual governo queira aumentar a estrutura da coleta de lixo, ele esbarra no problema existente no que tange o DESCARTE do lixo, haja visto que a situação do lixão de Santa Isabel é mais do que crítica, as montanhas de lixo já extrapolaram os limites da área da antiga reciclagem, e avança em direção a rodovia RJ 230.


Discutir com propriedade a temática envolvendo resíduos sólidos em BJI, requer conhecimento de que realmente se faz necessário debater, propor e criticar o atual governo, que está com um contrato temporário e emergencial, e algumas vozes extrapolam da liberdade de manifestação ao comparar os setenta dias de governo Roberto Tatu com doze anos de depredação pública promovidos pelos “impolutos” Miguel e Branca Motta.

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