Memórias do Rio Itabapoana – 6

Por Arthur Soffiati


Manguezal é um ecossistema vegetal cujas plantas adaptaram-se à água salobra. Assim, é muito comum encontrá-lo nas desembocaduras dos rios que deságuam no mar. Como este é o caso do Rio Itabapoana, existe um manguezal em sua foz, outrora pujante; hoje, debilitado pela ação humana.



Pelas amostras existentes num remanso do lado fluminense e de um braço no lado capixaba da foz do rio, é de se supor que o manguezal apresentasse consideráveis dimensões no passado. Ele deveria contar (pois ainda conta) com altaneiros exemplares de siribeira, com uma boa população de mangue vermelho e com um extenso bosque de mangue branco, a espécie dominante, talvez pelo elevado grau de interferência humana. Nos dois canais que partem do rio e correm paralelos à costa, um no Espírito Santo e outro no Rio de Janeiro, também remanescem traços da pujança passada.
Segundo pescadores residentes em Barra do Itabapoana, o manguezal cobria, antigamente, uma área bem maior do que a atual. Aliás, este comentário é comum a todos os manguezais do norte fluminense. Norma Crud e Dorothy Sue Dunn de Araujo, no trabalho intitulado “RT 1123 Relatório Técnico sobre Manguezal”, observaram, quanto ao manguezal do Rio Itabapoana, que a siribeira é o mangue dominante. Na verdade, essa conclusão parte do seu porte elevado, que nos dá a impressão de prevalecer sobre as outras árvores quantitativamente. A espécie dominante é mesmo o mangue branco.



Em outro relatório, este proveniente do Espírito Santo, suas autoras foram lacônicas, identificando apenas um bosque ribeirinho do lado capixaba constituído de mangue vermelho, mangue branco e mangue preto ou siribeira, sendo que exemplares desta última espécie foram encontrados a 3,5 km da foz (Cláudia Vale e Renata Ferreira Diniz. “Os Manguezais do Espírito Santo”. Vitória/Universidade Federal do Espírito Santo/Departamento de Geografia, 1995). A bem dizer, a espécie de siribeira que ocorre neste manguezal é a Avicennia germinans e não A. schaueriana, como bem notaram Norma Crud e Dorothy Araújo.
E isto é tudo de que dispúnhamos sobre o manguezal do Rio Itabapoana. Por esta razão, decidi empreender meu estudo a partir dos próprios elementos fornecidos pelo manguezal, conforme expus em meu livro intitulado “Entre Câncer e Capricórnio: Argumentos em Defesa dos Manguezais do Norte do Estado do Rio de Janeiro – Brasil”. Rio de Janeiro: Xerox do Brasil, 1999.



Mais recentemente, foram empreendidos dois estudos sobre o manguezal do Rio Itabapoana pelo prisma da ecologia. Ambos são trabalhos acadêmicos. O primeiro é de autoria de Elaine Bernini e Carlos Eduardo Rezende, com o título de “Variação estrutural em florestas de mangue do estuário do rio Itabapoana, ES-RJ”. (Revista Biotemas 23, 1 http://periodicos.ufsc.br/index.php/biotemas. Florianópolis: Editora da Universidade Federal de Santa Catarina, março de 2010). O segundo foi redigido por Tássia Chagas e intitula-se “Produção de serrapilheira ao longo do gradiente de inundação em florestas de mangue no estuário do rio Itabapoana” (Campos dos Goytacazes: Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, 2012. monografia de licenciatura).


______________________________________________________________________

Leia os artigos anteriores dessa série

Memórias do Rio Itabapoana - 1

Memórias do Rio Itabapoana - 2

Memórias do Rio Itabapoana - 3



Comentários