Atualmente vivemos em uma democracia capenga e manipulada
pelos interesses dos grandes caciques partidários no qual tem se
prevalecido como regra para o êxito eleitoral
as gigantescas coligações compostas por dezenas de partidos, e pelo financiamento
quase que exclusivo de empresas que depois da vitória eleitoral se apresentam em
negociatas obscuras e licitações fraudulentas. E a perspectiva quase unânime é
que esse cenário está aí para ficar, deixando todos os cidadãos desacreditados
de que esse quadro político venha mudar.
Mas nessas eleições de 2012 tivemos duas demonstrações no estado
do Rio de Janeiro de que está surgindo uma nova ordem eleitoral e democrática,
e essas demonstrações vieram do mesmo partido, o Partido Socialismo e Liberdade
(PSOL). Primeiro na figura do deputado estadual e candidato a prefeito no Rio
de Janeiro, Marcelo Freixo. O candidato Freixo teve significativos 28% dos
votos válidos no Rio, é fato que Eduardo Paes ganhou em primeiro turno, mas
Freixo realizou a proeza de angariar quase um milhão de votos fazendo sua campanha
sem coligar com partido algum, e sem receber um centavo de qualquer empresa.
Ele somente recebeu doações para campanha de simpatizantes que contribuíram através da internet. Para que
tenhamos uma melhor avaliação, a chapa de Rodrigo Maia e Clarissa Garotinho não
chegou aos 3% dos votos.
Muitos podem inicialmente raciocinar que esse fenômeno
Freixo é típico de grandes centros como Rio de Janeiro, que no interior a
mentalidade eleitoral é conservadora e que essas mudanças jamais acontecerão
por aqui. Ledo engano, bem perto de Bom Jesus tivemos um exemplo notável da transformação
democrática que ocorreu no município de Itaocara, que teve como vencedor das
eleições 2012 o companheiro Gelsimar Gonzaga, ex-cortador de cana e presidente
do sindicato dos servidores públicos municipais a dezoito anos. Ele ganhou as
eleições com 44,26% dos votos, totalizando 6.796 votos. Importante ressaltar
que em Itaocara também teve cinco candidatos a prefeito, e que a campanha
vitoriosa do Gelsimar gastou somente R$ 20.000,00 (não foi erro de digitação, ele gastou somente vinte mil reais) provenientes de doações
amigos e simpatizantes, e seu partido, também o PSOL não coligou com nenhum
partido em Itaocara. E ele já noticiou que a primeira medida a ser tomada em seu governo, é reduzir seu próprio salário e de seus futuros secretários, dando uma excelente primeira impressão .
Exemplos como o de Itaocara nos inspira a continuar lutando
pela transformação democrática e social que tantos desejamos, é possível que em
breve exemplos como o de Marcelo Freixo e Gelsimar Gonzaga se torne a regra e
deixe definitivamente de ser uma zebra.
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